Segunda-feira, 28 de Junho de 2010

Capitulo 23 - Vida nova

Inês olhou para o despertador e viu que já eram horas de se levantar. Apesar de ser bastante mais cedo do que a hora em que habitualmente acordava, tinha mesmo de sair da cama. Iria começar hoje o seu novo emprego.

Já há algum tempo que estava a procura de emprego, mesmo antes de ter terminado o seu curso de Psicologia, e tinha-se apercebido de que o mercado de trabalho nessa área estava em baixa, principalmente para os recém-licenciados.

E tendo terminado o último exame há cerca de um mês, tinha de arranjar algum emprego para ir suportando a renda e os gastos enquanto não arranjasse um emprego na sua área. E isso poderia demorar algum tempo, pelo que há uns meses atrás tinha recorrido a uma empresa de trabalho temporário... Após ter efectuado uma série de entrevistas e os testes psicotécnicos, ficou a aguardar novidades sobre um eventual emprego que essa empresa acharia que seria mais adequado para ela.

 

Mas estas últimas semanas tinham sido complicadas, devido ao que tinha acontecido com Pedro. Já não falava com ele há duas semanas pois eles tinham combinado dar algum tempo ao outro. Quando ela recebeu a chamada da empresa de trabalho temporário a indicar que tinha sido esolhida para trabalhar como assistente administrativa na área financeira de uma multinacional e perguntar-lhe se ela estava interessada, ela aceitou logo a proposta, uma vez que precisava de algo para esquecer o que se tinha passado nos últimos tempo e seguir em frente com a sua vida. Ainda não tinha exactamente a noção do que é uma assistente administrativa fazia, pelo que era com alguma curiosidade e nervosismo que se preparava para o primeiro dia de trabalho. A primeira grande dificuldade prendia-se com o que vestir...

 

A primeira impressão é uma coisa muito importante, pois apenas se tem hipótese de causar uma primeira impressão uma vez.  E ela queria causar um boa impressão aos seus novos colegas de emprego, ainda para mais porque sentia que tinha de provar algo, pois era apenas uma temporária. Ela não sabia se quereria apresentar-se de forma muito profissional usando um fato. Ou tinha a alternativa de se vestir de forma casual, de calças de ganga e uma blusa discreta... Ou tinha ainda a hipótese de se vestir de forma sensual com a menor minisaia que tinha e com um top muito revelador... Eram muitas as hipóteses e Inês não tinha ideia de qual seria a alternativa mais apropriada. Após vestir-se e despir-se várias vezes em frente ao espelho, decidiu-se a usar um dos seus vestidos favoritos que apesar de mostrar a sua beleza natural não era muito revelador do seu corpo. Pelo menos não iria ser alvo de comentários menos apropriados pelos seus colegas.

 

Um pouco antes das nove da manhã, chegou ao seu novo local de trabalho. Assim que chegou à recepção, foi encaminhada para a responsável dos Recursos Humanos com quem esteve a tratar de toda a papelada inicial. De seguida, fizeram-lhe uma visita guiada do escritório, que ainda era maior do que pensava, pois ocupava vários andares e tinha vários open spaces enormes cheio de secretárias com pessoas, todas à frente de um computador... Ela também se apercebeu de que grande parte das pessoas que lá trabalhavam eram mais ou menos da sua idade, pelo que ficou mais aliviada pelo facto de poder conseguir encontrar alguém com que se pudesse dar bem e que a ajudasse a integrar-se na empresa.

 

No final da visita guiada, a sua colega de recursos humanos apresentou-a ao seu chefe, o Dr. Rui. Era uma pessoa relativamente nova, entre os 35 e os 40, mas a sua primeira impressão não foi a melhor. Ele pareceu-lhe demasiado ríspido quando foram apresentados e não perdeu mais do que cinco segundos com ela. Sim, ela era apenas uma simples temporária, mas mesmo assim, achava que pelo menos o chefe quereria conhecer melhor quem trabalhava para ele.. E durante a manhã, percebeu que o seu novo chefe não tinha problemas em gritar com os seus subordinados se eles não tivessem feito algo como ele queria...

 

Nesta fase inicial, iria ser treinada por uma colega já com alguma experiência e que já estava na empresa há 3 anos, a Sónia. Pareceu-lhe uma pessoa mais acessível do que o seu chefe, até porque não só era apenas ligeiramente mais velha do que ela (pareceu-lhe que ela tinha cerca de 25 anos), mas porque era uma pessoa muito calma e com muita paciência para ensinar sempre as pessoas acabadas de entrar e que não percebiam de nada do que iam fazer... A Sónia explicou-lhe que o trabalho dela iria consistir em ajudar o departamento financeiro da empresa onde fosse necessário, consoante os picos de trabalho ou fosse necessário substituir alguém que estivesse de baixa ou de férias...

 

Inicialmente, ela iria estar alocada à area de compras, e iria essencialmente estar a lançar facturas de fornecedores no computador. Sónia passou grande parte da manhã a explicar-lhe o que tinha de fazer, a mostrar-lhe o sistema informático com que a empresa trabalhava e ainda esteve a ajudá-la a lançar as suas primeiras facturas, para se certificar de que ela tinha aprendido correctamente. Não era uma coisa assim tão complicada, pois felizmente, Inês tinha alguma experiência em trabalhar com computadores devido aos trabalhos da faculdade e por isso o Word e o Excel não eram palavras estranhas. Teve alguma dificuldade inicial nesse primeiro dia a tentar compreender o sistema informático onde tinha de lançar as facturas e que campos preencher, e por isso de vez em quando pedia a ajuda de Sónia, que tinha-a posto à vontade para a questionar sempre que ela achasse necessário. Mas esperava que passado uns dias, se sentisse mais à vontade e mais confiante no que estava a fazer...

 

Felizmente, também o seu horário de trabalho, pelo menos enquanto estivesse no departamento de compras, não era muito extendido e por volta das 18h30 foi mandada para casa. Mas foi-lhe dito para não se habituar muito a esse horário, pois existiam outros departamentos onde poderia ser alocada, onde poderia sair muito mais tarde do que isso durante vários dias. 

 

Inês ficou satisfeita por começar num sitio mais calmo, para poder adaptar-se com calma à empresa e ao trabalho, e esperava que pudesse continuar nas compras por mais algum tempo. E pelo menos sabia que podia contar com uma pessoa para ajudá-la lá dentro, pois a Sónia era de facto uma rapariga impecável. Até a tinha convidado para almoçar, pois imaginava que ela não tinha tido oportunidade de conhecer outros colegas nesse primeiro dia. E foi o que tinha acontecido, pois tinha estado em formação o dia inteiro e teve poucas oportunidades de falar com as colegas que estavam perto nela, numa mesa minúscula num open space enorme. E tinha também reparado que o ambiente de trabalho era um pouco formal, com poucas interrupções para além do café e das idas à casa de banho, muito provavelmente por causa do chefe, que não perdia qualquer hipótese de dar na cabeça de algum dos seus subordinados. E por isso, todos procuravam estar concentrados no trabalho, para evitarem cometerem erros. E uma coisa que a Sónia lhe tinha dito, é que o Dr. Rui às vezes poderia ser um pouco duro, mas que nunca tinha repreendido ninguém que não o merecesse, embora ela não concordasse com a forma como ele às vezes humilhava os colegas à frente de toda a gente.

 

No final do dia, chegou a casa e ligou à Rita para contar-lhe o seu primeiro dia de trabalho. Após ter desligado o telemóvel, Inês apercebeu-se que tinha sido a primeira vez que o principal motivo dos seus desabafos não tinha sido Pedro... Era um sinal de que o tempo tinha-a ajudado a esquecer o que se tinha passado.... O passado é o passado e abria-se uma nova página na sua vida... Novo emprego, novas amigas e quem sabe... uma nova paixão?

 

Mas o dia tinha-lhe corrido bem... A incerteza que tinha sobre o seu futuro quando acordou de manhã tinha-se atenuado... Ela estava um pouco insegura sobre o facto deste ser o primeiro emprego a sério dela e nem imaginava o seu futuro se as coisas tivessem corrido mal... Mas felizmente, os seus piores receios não se concretizaram...

 

O dia seguinte ainda correu melhor... Não só ela já estava um pouco mais habituada ao seu trabalho, como na hora do café foram-lhe apresentadas algumas colegas que também eram temporárias e também estavam lá há pouco tempo e com que se entendeu bastante bem. Tinham várias coisas em comum, como o facto de também ser este o primeiro emprego delas e também o facto de terem também tirado cursos noutras áreas, mas que estavam todas agora como assistentes na área financeira por não terem encontrado o emprego que mais gostariam... e acima de tudo, eram pessoas que estavam dispostas a apoiar-se umas às outras... E ainda por cima, Inês era daquelas pessoas muito aberta, que conquistava qualquer pessoa com a sua personalidade e a forma aberta como dizia o que pensava, o que facilitou a integração naquele grupo... A única pessoa que ainda não lhe ligava muito era o seu chefe, o que a fazia feliz, pois se ele não soubesse quem ela era, menos hipóteses existiriam de ele embirrar com ela.

 

Os primeiros dias de Inês correram bem, e cada vez menos sentia a necessidade de pedir ajuda à Sónia, pois estava mais à vontade no que fazia... E acima de tudo, estava a gostar do que fazia, embora não fosse o tipo de coisas que queria fazer para o resto da sua vida e já imaginava que daqui a uns meses já estaria farta de fazer a mesma coisa todos os dias. O que lhe valia era o facto de daqui a uns tempo, poderia ser precisa noutro departamento e iria fazer outra coisa completamente diferente...

Mas acima de tudo, tinha feito novos amigos lá dentro e estava a seguir com a sua vida. Aliás, tirando o seu chefe, apenas existia um outro colega, o Diogo, que também era um temporário e que praticamente a ignorava, que não mostravam qualquer interesse em ser seus amigos. De resto, praticamente toda a gente no seu departamento gostava dela e estavam a ajudá-la a integrar-se.... E sentia que a sua vida profissional estava a correr bem... Mas não tinha niguém com quem partilhar essa sensação... E de repente começou a pensar que aquela noite seria a noite ideal para ligar a Pedro, com que já não trocava uma palavra há quase três semanas...

publicado por Matt Xell às 22:08
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Quarta-feira, 25 de Março de 2009

Capítulo 2 - No emprego

Pedro chegou ao emprego por volta das 11h00. Já era habitual que ele chegasse ao escritório um pouco antes da hora do almoço.
Mas desta vez, existia uma coisa diferente. Quando chegava, Pedro começava logo a pensar na campanha publicitária que tinha em mãos. Mas desta vez, ele não conseguia deixar de pensar na mulher que tinha visto.

- Em que estás a pensar? - perguntou Carlos, ao ve-lo tão distraído. Tinham-se conhecido há cerca de dois anos, quando entraram ambos para a mesma agência. Ele era o oposto dele, e se calhar era essa a razão porque se tinham tornado bons amigos.
Carlos era um homem responsável, que tinha casado com a namorada do liceu, após seis anos de namoro. Mas mesmo assim, conseguiram entender-se logo no momento em que se conheceram.

- Pedro? Está alguém em casa?
- Hum?! Desculpa lá. Mas estava distraído.
- Deixa-me adivinhar. Estavas a pensar numa rapariga qualquer que acabaste de ver na rua?- disse Carlos a sorrir.
- Como é que adivinhaste?
- Eu já te conheço há algum tempo. E sei que daqui a meia hora já estás a pensar na melhor forma de convidar a Luísa, da contabilidade para sair hoje à noite.
- Mas ela não arranjou um namorado há duas semanas?
- Isso nunca te impediu antes.
- Pois não Enquanto elas não tiverem um anel no dedo, para mim ainda estão disponíveis. Mas desta vez é diferente.
- Pois. Foi um amor à primeira vista.
- Amor? Quem falou em amor? Eu encontrei a mulher mais sexy do mundo e tu vens cá falar-me em amor?
- Ah! Este já é o Pedro que eu conheço...
- Mas digo-te, nunca tinha tido um desejo tão forte de estar com alguém. Ela é melhor do que a Marisa Cruz e a Pamela Anderson juntas.
- Deves estar mesmo apanhado por ela. Sempre disseste que não existia ninguém como a Marisa Cruz.
- Eu estava enganado. Mas agora não sei o que fazer.
- Porque não experimentas telefonar-lhe?
- Porque não tenho o número de telefone dela. Não cheguei a falar com ela. E acho que nunca mais a vou ver....

- Do que estão a falar? - interrompeu Patrícia. Patrícia era a única mulher que estava na equipa criativa de agência. Era uma mulher muito engraçada, morena, e com uma alegria contagiante. Pedro sempre a achara muito atraente, mas nunca a tinha convidado para sair.
- Nada de especial.- disse Carlos. Estávamos só a discutir a vida amorosa do Pedro.
- Ah! Deve ter sido um conversa muito curta?
- Engraçadinha - gracejou Pedro. Até parece que tu tens uma vida amorosa.
- Mas eu não estou com ninguém por opção. Sou uma mulher independente que não tem tempo para ter uma vida pessoal. Tu sabes como são os nossos horários.
- Pois. São desculpas. Tu estáss é à espera que alguém deste escritório te convide para tomar um copo- brincou Carlos, sem imaginar que Patrícia iria ficar vermelhíssima.
- Nãoo acham que é altura de começarmos a trabalhar? Temos um deadline amanhã e acho que a Patrícia já está arrependida de nos ter interrompido.

Foi desta forma que Pedro decidiu terminar conversa, porque sabia que o trabalho era a melhor forma de não pensar noutras coisas.


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Depois de um árduo dia de trabalho, em que o almoço tinha sido uma sandes de atum comprada à pressa numa loja de sandes que ficava perto do escritório , Pedro preparava-se para sair quando ouviu Carlos a chamá-lo.

- Então, já de saída?
- Já? São dez da noite e estou mesmo a precisar de jantar.
- Já esqueceste a tal rapariga?
- Bem, até tu falares agora, nunca mais tinha pensado nela.
- O Pedro que eu conheço está de volta. Bem vindo.
- Não gozes comigo. E tu? A tua mulher não está à tua espera, em casa?
- Ela a esta hora deve estar a ver a telenovela, por isso não vai sentir minimamente a minha falta até à meia-noite.
- Ela e mais metade de Portugal...

Pedro despediu-se de Carlos. Apanhou o taxi que tinha chamado e foi para casa. Era uma casa enorme e muito vazia. Via-se que não vivia lá uma mulher. Tinha um móvel com uma televisão de plasma, um leitor DVD, cinco colunas enormes, um subwoofer, um PC topo de gama. Não havia outra decoração, que Pedro considerava como sendo mariquices próprias de mulheres.

Foi à cozinha, retirou a lasanha do congelador, colocou-a durante 10 minutos no microondas e comeu-na na sala, enquanto via um daqueles concursos em que se mostrava o quão ignorantes são os portugueses. Era uma comédia melhor do que os Malucos do Riso.
Ele tinha tido um dia muito cansativo e adormeceu na sala , ao mesmo que uma concorrente respondia que cinco ao quadrado eram 10.

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publicado por Matt Xell às 22:13
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Uma história sobre um rapaz (Pedro) e uma rapariga (Inês) que o destino acaba por juntar e que origina uma relação com altos e baixos...

Pedro é um rapaz que nunca foi capaz de se comprometer e que encontra em Inês a primeira rapariga por quem verdadeiramente sente algo... Mas ele desconhece por completo o passado de Inês e que irá trazer grandes repercurssões na sua relação.

Nem tudo corre como eles gostariam nesta história de amor, e por maior que seja o amor que os une, o destino parece querer que a sua história não tenha um final feliz...

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