Domingo, 28 de Junho de 2009

Capítulo 11 - O segundo encontro

Tinham passado três dias desde o primeiro encontro e Pedro estava extremamente ansioso por receber o telefonema de Inês. Já por duas vezes tinha conseguido controlar os seus impulsos e não lhe telefonou.

Nunca se tinha sentido tão bem na vida. Se soubesse que o amor era assim, já se teria apaixonado há mais tempo. Era uma sensação indescritível. Ele sentia que o seu coração batia mais depressa quando pensava nela. A mínima coisa fazia-lhe recordar-se dela. Ele sentia uma enorme emoção e um grande prazer apenas em pensar nela. E não era uma coisa sexual. Ele ficaria satisfeito apenas pela oportunidade de lhe tocar na mão ou de cheirar o seu perfume.

E todos no escritório repararam na mudança. Mas somente Carlos e Patrícia sabiam do motivo.

Pedro sabia que ela estava em alturas de exames, pelo que o tempo dela era escasso. Mas porque é que ela não esquecia a faculdade e ia ter com ele? Seria o que ele faria. Mas isso seria muito egoísta da parte dele. Deu-se por si a pensar que era a primeira vez que pensava nos interesses da pessoa com quem estava em detrimento do que ele queria. O que estaria a acontecer com ele? Será que o amor estava a transformá-lo? O pior de tudo, é que ele não se importava de mudar por ela.

De repente o seu telemóvel tocou. Pedro respirou fundo antes de atendê-lo, porque não queria parecer muito nervoso.

- Está sim?
- Olá! Sentiste a minha falta?
- Tu nem sabes quanto. Estive nestes últimos três dias a pensar em ti.
- Por acaso não foste o único homem em quem eu pensei.
- Não me digas? Estás a tentar fazer-me cíumes? Devo avisar-te de que não sou ciumento, pelo que estás a perder o teu tempo.
- Por enquanto. Mas só para descansar-te, eu estive a entreter-me com o Freud e com o Jung. São velhos amigos...
- Realmente são um bocadinho velhos para a tua idade. Mas também se pode dizer isso de mim.
- Tu não és assim “tão” velho.
- Obrigado pelo teu apoio. Estou numa crise de meia idade, pelo que estou agora a entreter-me com míudas mais novas, para dar a impressão que sou mais novo.
- E eu fui estúpida suficiente para cair nos teus braços.
- Pois foste. Mas és a minha estúpida. Mas falando mais a sério, quando é que eu poderei te ver outra vez?
- Estava a pensar hoje à noite. E desta vez sou eu que escolho o local.
- Por mim tudo bem. Apenas quero estar contigo, em qualquer sítio do mundo.
- Tu estás a sair-me um romântico.
- Eu sei. É uma faceta minha que teimou em aparecer.
- Eu conheço um cafézinho muito simpático. É perfeito para conversarmos mais um bocadinho. Eu gostei imenso do que se passou entre nós na outra noite.
- Eu também. Mas queria falar-te daquele beijo que me deste.
- Não gostaste? E eu que pensei que tivesse sido tão bom para ti como foi para mim?
- Não, eu também gostei. Mas queria saber porque é que fizeste aquilo?
- Não consigo explicar-te por telefone. Mas logo à noite eu digo-te o motivo. E se tiveres sorte, tens também direito a uma repetição.
- Não consigo esperar tanto tempo.
- Vais ter de fazer um esforço. Beijinhos.
- Beijinhos.

Quando desligou o telefone, Pedro teve novamente de respirar fundo. O seu coração não parava de saltitar pela emoção de a ver outra vez.
Mas ainda faltavam algumas horas, pelo que teve de voltar novamente ao trabalho.

No final do dia, Pedro preparava-se ansiosamente para sair do trabalho, quando sentiu uma palmada nas costas. Era Carlos, que também tinha terminado o seu dia de trabalho.

- Sabes que a minha mulher hoje foi a um seminário sobre o papel da mulher no século XXI? E os míudos estão com a minha querida sogra. Queres tomar um copo? Já há muito tempo que não fazemos isso...
- Desculpa lá, mas hoje é um péssimo dia. Já tenho planos marcados.
- Agora que és um homem comprometido, já não tens tempo para os teu amigos – brincou Carlos.
- Se fosse na semana passada, tinha aceitado a tua sugestão. Mas hoje tenho mesmo um compromisso a que não posso faltar.
- Estás mesmo a falar a sério. Nunca te tinha visto assim tão entusiasmado com alguém.
- Nunca estive mais sério na minha vida. Até amanhã.

Pedro despediu de Carlos e dirigiu-se para o café onde iria finalmente ver a mulher que tinha alterado para sempre a sua vida

publicado por Matt Xell às 00:06
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Domingo, 24 de Maio de 2009

Capítulo 9 - O dia seguinte

Parecia-lhe que tudo estava a correr bem. Estava a ter as melhores ideias desde há algum tempo. Todos os seus colegas o elogiavam pela campanha que ele estava a desenvolver.
Era tudo por causa da sua musa. Ela dava-lhe inspiração, e ele não conseguia esquecê-la.

No final do brainstorming, deixou-se ficar na sala de reuniões, enquanto todos os seus colegas tiraram uma pausa para o café.

Pedro estava absorto nos seus pensamentos, a pensar quando é que ela lhe iria telefonar, quando ouviu algo.

- Então, pá. Estás a dormir? Eu perguntei-te como é que tinha corrido a noite de ontem.
- O que é que te parece?- disse Pedro, respondendo a Carlos.
- Pela tua disposição durante a manhã, diria que muito bem.
- Foi melhor ainda. Não me farto de pensar que nunca sentido tão feliz com a vida.
- Não acredito. O velho Pedro, o Don Juan do escritório, está apaixonado por alguém. Vais desapontar muitas raparigas, que ainda não tiveram oportunidade de estar contigo.
- Não me interessa. Para mim, só existe uma mulher no mundo. Não vou pensar em mais ninguém para o resto da minha vida.
- Não é a primeira vez que dizes isso. Mas acabas sempre por voltar a ser o bom e velho Pedro. Mais cedo ou mais tarde.
- Desta vez é diferente. Eu sinto que é diferente. Não acreditas em mim?
- Eu acredito que tu acredites nisso. Mas não acho que tu possas mudar tão de repente. Uma pessoa não dá uma volta de 180 graus, desta forma...

De repente, sentiram que alguém tinha reentrado na sala.
Os dois amigos viraram-se e viram Patrícia, que tinha também decidido participar na conversa, pois parecia muito animada.

- Estávamos só a discutir o Benfica. Acho que este ano é que vai ser. Demos uma volta de 180 graus e nem mesmo a mudança de treinador irá fazer-nos parar. – disfarçou Pedro, que não queria que as novidades sobre a sua vida pessoal fossem do conhecimento de Patrícia.
- Os homens e o futebol. Eu também gosto de ver os jogos, mas não sou nenhuma fanática. Arranjem uma vida.
- Eu já tenho uma. – respondeu Carlos. Ou já te esqueceste que sou um homem de família.
- O mesmo já não posso dizer do Pedro. Do que é que estás à espera para assentar. Não achas que já é idade de cresceres e apareceres?
- Muito obrigado pela tua preocupação. Mas já sou crescidinho para tomar as minhas decisões - retorquiu Pedro, evitando reconhecer que Patrícia tinha toda a razão no que dizia.
- Desculpa se fui longe de mais. Mesmo sendo amigos há algum tempo, se calhar não te devia ter dito isto. Mas acho que nunca irás ser realmente feliz, se continuares a agir da mesma forma desde os teus tempos de faculdade.
- Patrícia... Já nos conhecemos há alguns anos e ainda não sabes quando estou a brincar. Eu não fiquei chateado com o que disseste, porque tens toda a razão. Mas a vida é minha e eu faço com ela o que eu quiser. Mas já que estamos a falar das nossas vidas amorosas, eu estou preocupado contigo, pois já não te ouço falar de um namorado há algum tempo.
- Tu sabes como é a nossa vida. Não consigo arranjar tempo suficiente para investir numa relação a sério. E eu não consigo envolver-me com alguém só com o intuito de me divertir como tu...
- Ah! Essa magoou-me – brincou Pedro, apontando para o seu coração.
- Mas estou a falar a sério. Tu sabes que eu sou uma pessoa um bocado tímida com as pessoas que não conheço, e... acho que se eu estiver destinada a alguém, mais cedo ou mais tarde, os nossos destinos irão cruzar-se.
- Mas que romântica que me saíste, Patrícia. Essa postura de mulher independente que não precisa de homens para ser feliz, afinal esconde uma sonhadora por baixo.

Carlos finalizou desta forma a conversa, que já estava a tornar-se um bocada embaraçosa para os três.
Eles sempre tinham sido bons amigos e divertiam-se sempre bastante no escritório. Mas sentiu que Pedro não queria que a conversa continuasse.

Pedro desculpou-se a dizer que tinha de fazer uns telefonemas e deixou os seus colegas na sala de reuniões.

- Não sei porque é que ele age desta forma, Carlos. Não concordas comigo?
- Oh, Patrícia, até parece que não o conheces. Ele faz sempre o que ele quer, independentemente do que eu diga, do que tu digas ou do que outra qualquer pessoa diga.
- Mas acho que ele está a desperdiçar uma boa oportunidade de ser feliz. Daqui a 5 anos, ele vai arrepender-se da vida que levou e nessa altura já poderá ser um bocado tarde.
- Tarde para quê?- perguntou Carlos.
- Tarde de mais para ele- disfarçou Patrícia, que compreendeu que já tinha falado de mais. – Se calhar ele já encontrou alguém que lhe podia fazer feliz, mas ainda não se apercebeu disso.
- Realmente, acho que ele já encontrou alguém. Não fui eu que te contei, mas acho que ele agora está realmente interessado em alguém.
- Não acredito- exclamou Patrícia, que ficou realmente surpresa com o que lhe foi dito.
- É melhor acreditares. Mas qual o teu interesse nisso?
- Nenhum em especial. Nós somos amigos, e preocupo-me com ele. E ele nunca mais me contou nada sobre a vida amorosa dele. Antes, ele contava-me tudo.
- Não sei porquê, mas algo me diz que não é só isso.
- Então, isto é um local de trabalho ou um bar? – gritou o chefe de ambos, quando os viu a conversar na sala.
- Já estamos andando- disse Carlos, ao levantar-se rapidamente da cadeira e acompanhando o chefe até à sala dele, pois tinha umas ideias que queria desenvolver.

Patrícia ainda se deixou ficar na cadeira mais um bocado. Ouviu-se um pequeno suspiro e ficou com uma expressão de resignação. Se estivesse alguém naquela sala, teria notada uma pequena lágrima a cair dos seus olhos.

publicado por Matt Xell às 18:24
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.sinopse

Uma história sobre um rapaz (Pedro) e uma rapariga (Inês) que o destino acaba por juntar e que origina uma relação com altos e baixos...

Pedro é um rapaz que nunca foi capaz de se comprometer e que encontra em Inês a primeira rapariga por quem verdadeiramente sente algo... Mas ele desconhece por completo o passado de Inês e que irá trazer grandes repercurssões na sua relação.

Nem tudo corre como eles gostariam nesta história de amor, e por maior que seja o amor que os une, o destino parece querer que a sua história não tenha um final feliz...

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