Domingo, 22 de Novembro de 2009

Capítulo 18 - O dia seguinte – Parte II

Eram nove da manhã e Inês ainda continuava na sua cama. Tinha passado a noite toda em claro, pois não tinha conseguido parar de pensar no que tinha acontecido. Logo após ter chegado ao restaurante, tinha desabafado por telemóvel com a Rita o que tinha passado. Esta não pode fazer mais nada do que tentar consolá-la. Sentia-se muito triste pela sua amiga, pois nos últimos tempos ela tinha estado a recuperar do que se tinha passado e pensava mesmo que as coisas iriam corer bem com ela.

 
Entre soluços e lágrimas, as duas prometeram combinar encontrar-se no dia seguinte. Rita sabia que tinha de dar apoio à sua amiga, sob o risco de acontecer o que tinha acontecido na outra vez que aconteceu uma coisas destas.
 
A noite foi complicada para Inês. Não conseguia parar de reviver na sua cabeça as palavras de Pedro ao jantar… as mentiras que ele tinha contado… as mentiras esfarrapadas com que ele tentou justificar-se. O pior de tudo é que ela ainda gostava dele…
 
Mas já tinha sofrido tanto no passado com alguém que lhe tinha mentido. E tinha jurado que nunca iria deixar quem um homem a enganasse e a magoasse novamente… E não compreendia porque o Pedro, que tanto lhe tinha prometido que não a iria magoar, lhe tivesse mentido… Ele até poderia ter uma boa explicação para ter beijado aquela mulher na face com intimidade… Mas ele mentiu-lhe na sua cara… olhos nos olhos…
Porque teria feito tal coisa? Será que tinha alguma razão para me esconder alguma coisa?
 
A insegurança começou a assaltar a cabeça de Inês… Muita coisa passou pela sua cabeça durante a noite… mas quanto acordou de manhã, não se lembrava do que tinha pensado durante a noite… A única coisa de que se lembrava era da forma como Pedro a tinha enganado… Inês não sentia forças para se levantar da cama… Estava não só magoada com o que lhe tinham feito, mas estava também deprimida por ter perdido alguém com que achava que seria feliz…
 
A muito custo levantou-se da cama e foi tomar um duche… Normalmente, costumava tomar o duche rapidamente por forma a ir logo para a faculdade, pois tinha o mau hábito de chegar atrasada… Mas desta vez deixou-se ficar quase meia hora, sujeita ao jacto forte que vinha do chuveiro, pois permitia-lhe não pensar.. E era isso mesmo que ela desejava… Não pensar no que tinha acontecido ontem… Não pensar nos motivos que tinham levado Pedro a mentir-lhe… Não pensar no que iria fazer agora…
 
Mas ela sabia que mais cedo ou mais tarde teria de enfrentar a realidade… E pior do que tudo… teria de enfrentar o Pedro….
 
Mas para isso tinha de aconselhar-se com a Rita. Tinham combinado encontrar-se num pequeno café perto da sua casa e sabia que a sua amiga lhe iria ajudar a ultrapassar esta fase mais complicada. Quando chegou ao café, a sua amiga já lá estava e levantou-se por forma a dar-lhe um abraço…
As lágrimas começaram a jorrar-lhe dos olhos e Inês não conseguia parar de chorar… Mas o facto da sua amiga lá estar para a ajudar, fê-la acalmar-se um pouco, permitindo-lhe perguntar à sua amiga o que deveria ela fazer…
 
-         Inês.. tu já sabes a minha opinião… Tu já sofreste tanto com o Alfredo… Quer um, quer o outro já te magoaram bastante…
-         Eu sei… Mas eu ainda sinto algo pelo Pedro… Eu sei que não deveria perdoar-lhe pelo que ele me fez… Mas e se a culpa foi minha?
-         Inês!!! Como é que podes sequer imaginar que a culpa foi tua? Ele é o único culpado do que aconteceu… O que é que tu poderias ter feito para que ele não te mentisse?
-         Não sei… Mas estava tudo a corer tão bem… Não consigo perceber o motivo pelo qual ele fez aquilo… Eu tenho de saber… Tenho de lhe ligar e perguntar…
-         Não faças isso a ti propria… Ele não merece… Eu sei que posso estar a parecer um pouco dura contigo e com ele, mas tu sabes que se eu não fizesse isso, tu voltarias logo a corer para ele… Não lhe deves ligar… Ele sabe o que fez… Tem de ser ele a tomar a iniciativa…
-         Mas ele tem tentado ligar-me desde ontem à noite… E só penso que ele me queria dizer… Ele de certeza que iria tentar pedir novamente desculpa…
-         Muito provavelmente sim… Mas isso muda alguma coisa do que ele te fez?
 
Inês não respondeu porque sabia que Rita tinha razão. Ela era a sua guia nestes momentos mais difíceis… pois ela sabia que ela própria tinha grandes dificuldades em pensar com a cabeça, pois era o seu coração que normalmente falava mais alto… E tinha sido isso que lhe tinha feito custar tanto recuperar da traição do seu anterior namorado…
 
-         Inês… Tu sabes bem que se ele te enganou agora, se o aceitares de volta, existem grandes probabilidades dele voltar fazer a mesma coisa…
-         Sim… Eu sei… Mas tu não tens ideia do quanto gosto dele…- disse Inês, mostrando grande mágoa na sua voz…
-         Acho que sei… Nunca te tinha visto tão feliz como estavas nos últimos tempos… Mas tens de pensar claramente.. Dar algum tempo ao tempo para reflectir se quererás mesmo te-lo de volta na tua vida…
-         Mas e se ele continuar a ligar-me?
-         Deixa-o continuar… Ele também tem de sofrer pelo que te fez… E se ele realmente ainda sente algo por ti, ele também irá aprender que não te pode tratar como te tratou e esperar que o perdoes agora… Se ele ainda está interessado em ti, não se importará de esperar o tempo que for necessário até tu seres capaz de falar com ele o que se passou…
-         Tens razão… como habitualmente. Acho que tenho mesmo de estar longe dele, por uns tempos… Mas ele não me sai do pensamento…
-         Eu sei… Mas tens de ocupar o teu tempo nos próximos tempos com outra coisa, para que a tua cabeça pense noutra coisa para além dele… A Dora não nos tinha convidado para ir amanhã com ela à terra dos pais dela? O que achas de irmos as duas com ela?… Sempre dava para espairecer um pouco… Costuma ser tão calmo por lá…
-         Mas tu não ias este fim de semana àquele concerto do Jack Johnson? Para o qual tinhas esperado não sei quantas horas na fila para comprar o bilhete?
-         Minha querida… O que tu achas que é mais importante para mim? Ir a um concerto ou estar contigo neste momento que tanto precisas?
-         Nem sei o que faria sem ti, amiguita…
-         Não penses mais nisso… Vamos é ligar à Dora e dizer que afinal vamos com ela… E de seguida vamos fazer as malas para alguns dias…
-         E o Pedro? O que faço enquanto estiver fora?
-         Não vais fazer absolutamente nada… Quando voltares, logo se verá… Talvez nessa altura já estejas preparada para falar com ele…
 
 
Inês assentiu com a cabeça… Ligaram logo à sua amiga que ficou radiante com o facto de ter a companhias de duas das suas melhores amigas com ela.
 
O resto do dia não foi fácil… Mesmo tendo a preocupação de fazer as malas para ir logo de manhã no dia seguinte para fora ,   Inês continuou a pensar no futuro da sua relação com Pedro… Se é que ainda haveria alguma hipótese de um futuro para os dois depois do que ele lhe tinha feito…
 
A partir da hora de jantar, Inês começou também a pensar no motivo pelo qual ele já não lhe tinha tentado ligar desde a madrugada desse dia, se bem que não tinha quaisquer intenções de atender a chamada… A insegurança tinha voltado novamente ao seu pensamento… Estava mesmo a precisar de passar uns dias com as suas amigas longe de tudo e de toda a gente e pensar no que iria fazer... Mas neste momento, muitas coisas passavam pela sua cabeça... a dor causada por Pedro... os motivos dele ter mentido... se iria aceitar as desculpas dele... se ele ainda estava interessado nela... o que ele sentia pela rapariga que estava no restaurante... porque ele não lhe tinha ligado novamente,,,
 
E foi nesta ângustia permanente que Inês passou a noite inteira até finalmente adormecer a altas horas da madrugada, sem ter tido qualquer notícia de Pedro...
publicado por Matt Xell às 16:38
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Segunda-feira, 19 de Outubro de 2009

Capítulo 17 - O dia seguinte : Parte I

Eram nove da manhã quando Pedro chegou ao seu escritório. Tinha sido uma noite muito difícil para ele, pois tinha perdido a conta ao número de vezes que tinha ligado para o telemóvel de Inês, sem qualquer sucesso. Ele sabia que tinha procedido mal, mas o erro que tinha cometido não era motivo suficiente para ela ter acabado tudo, sem lhe dar uma nova oportunidade.

Quando chegou ao pé de Carlos, este notou logo que algo se tinha passado. A cara sorridente que o seu amigo tinha tido nos últimos tempos, tinha desaparecido. E ele sabia que Pedro iria precisar muito do seu apoio para ultrapassar esta fase menos boa porque estava a passar. Por isso, achou que o melhor seria mesmo conseguir ele ele desabafasse e perguntou ao amigo se queria fazer uma pausa para tomar um cafe.
Pedro assentiu com ligeiro acenar de cabeça, e desceram até um cafézinho perto do escritório, que estava sempre muito vazio.

- Então, o que é que aconteceu ontem contigo? Porque é que estás assim?
- Ela acabou tudo comigo... – respondeu Pedro num tom muito baixo – Não consigo acreditar...
- O que é que tu fizeste?
- Lá estás tu a assumir que a culpa foi minha.
- E não foi?
- ... Sim, a culpa foi minha, mas acho que ela exagerou bastante e não me deixou explicar porque lhe tinha mentido.
- Mas o que é que lhe disseste para ela não te ter perdoado?
- Eu não fiz nada de mais. Eu tinha-lhe dito que tinho ido almoçar com um colega, pois não queria que ela pensasse que eu estava a sair com outras mulheres... Mas ela viu-me ontem a almoçar com a Patrícia e ficou completamente passada comigo.
- Já devias saber melhor... Mais facilmente se apanha um mentiroso do que...
- Mas foi uma mentirinha inocente. Tu sabes que eu e a Patrícia somos apenas amigos...
- Sim, mas a Inês não. E ainda pioraste as coisas, quando lhe mentiste. Mais valia teres-lhe dito a verdade...
- Mas eu não queria estragar as coisas com ela. Estava tudo a correr tão bem, que não queria causar-lhe uma crise de ciúmes...
- É fácil de perceber que já não estás numa relação séria há muito tempo... Sabes que a confiança é daquelas coisas que mais demora a construir, mas basta uma pequena coisa para a destruir completamente. E começar a mentir, logo no início da relação, por mais pequena que seja a mentira, é meio caminho andado para algo correr mal...
- Agora sei disso, mas ela nem me dá uma oportunidade para eu me desculpar...
- Imagino que ela nem atenda as tuas chamadas...
- Ela rejeita logo as chamadas... Já tentei enviar várias mensagens a dizer-lhe que preciso de falar com ela, mas nem sei se ela as leu....
- Tens de ter calma... Tens de ser paciente e dar-lhe algum tempo para acalmar.
- Achas que ela irá alguma vez atender as minhas chamadas?
- Acho que se ela gosta tanto de ti como tu dizias, então mais cedo ou mais tarde, vai acabar por ceder, e dar-te uma hipótese para explicares...
- Achas mesmo?
- Tenho a certeza disso. Só não te posso garantir que as coisas voltem a ser como dantes...
- Eu sei disso, mas se ela me ouvir, tenho a certeza de que ela compreenderá que só lhe menti, pois gosto tanto dela que não a queria magoar.
- Vê-se mesmo que tu não és o Pedro que eu conhecia... A pensar no que os outros sentem antes de pensar nele...
- O amor que sinto por ela mudou-me muito. Podes achar que eu estou a exagerar, mas quando estou com ela, quero ser uma pessoa melhor por ela... Nem imaginas o que me está a custar saber que ela não me quer ver mais...
- Achas que não? Todos os que amaram verdadeiramente alguém, muito provavelmente também já sofreram por esse amor. E nem todos acabaram por conseguir o que queriam.
- Já percebi que és um expert nessa matéria.
- Quem me dera poder dizer que nunca sofri assim. Mas posso dizer-te que as coisas melhoram e que nem tudo está tão mal como pode parecer...
- És mesmo um romântico incorrigível. Mas eu não sou assim. E tenho muito medo de perde-la... Mas já sabia que isto só poderia correr assim. Sempre que me acontece alguma coisa boa, acabo por estragá-la...
- Pedro.. Tem calma... se ela gosta mesmo de ti, então tens de ter paciência. Quando ela também se acalmar, já terás maior facilidade em explicar-lhe tudo. Talvez o melhor seja dares-lhe algum tempo para ela reflectir. Tenho a certeza de que ela vai responder ao teu telefonema... Mas dá-lhe algum tempo. Não estragues ainda mais as coisas...
- Mas eu não consigo fazer nada enquanto não souber que as coisas estão resolvidas entre nós os dois...
- Ouve-me... Se queres ter alguma hipótese com ela, tens de ouvir o que te digo. Tu cometeste um erro... Tens agora de arcar com as consequências... mesmo que isso implique sofrer enquanto ela não te perdoa.

Pedro reflectiu nas palavras do amigo e soube que ele tinha razão. Mas ele tinha medo dela nunca mais querer falar com ele.. Mas lá no fundo, ele sabia que Carlos tinha razão...

Carlos tentou consolar o seu amigo e dar-lhe alguma esperança de que Inês iria ser capaz de lhe perdoar... Mas chegou a um ponto em que percebeu que o seu amigo nunca iria voltar ao normal, enquanto não falasse com ela.

E isso viu-se durante o dia todo. Carlos notou que Pedro estava constantemente distraído durante os brainstormings para a nova campanha... Sempre que alguém lhe pedia uma opinião, notava-se que ele não estava a acompanhar as ideias lançadas pelos colegas. Decididamente, não era o Pedro que todos conheciam...

Pedro estava a sofrer... Não se lembrava de ter sofrido no passado por alguém de quem gostava tanto... Ele já tinha estado do lado oposto... E sentia-se agora um pouco culpado por ter feito sofrer algumas das raparigas com quem tinha estado e que tinham esperanças de ter uma relação séria com ele, e que a partir de certa altura ele tinha deixado de dar notícias... Era assim que se sentia alguém com o coração partido...

Ele pensou várias vezes durante o dia em ligar novamente para Inês, mas as palavras da Carlos ecoavam na cabeça dele... Talvez fosse mesmo pelo melhor dar-lhe algum tempo... Mas o que iria ele fazer entretanto? Sentia aquela sensação de perda de algo que nada conseguia preencher...

Quando saiu do escritório, ainda pensou em ir a um bar perto de sua casa para afogar as mágoas, mas achou que isso não iria resolver a situação... Podia faze-lo esquecer por umas horas a dor que estava a sentir, mas de manhã quando acordasse, tudo iria estar na mesma... Decidiu então ir para casa... Assim que chegou, pensou em preparar o jantar, mas não estava com fome... Ao contrário do que acontecia na grande maioria dos dias, estava sem qualquer apetite... Só lhe apetecia ligar novamente para Inês... Mas conseguiu controlar os seus impulsos a muito custo...

Mas não conseguia evitar olhar para o seu telemóvel de cinco em cinco minutos. Ele esperava desesperadamente que Inês lhe ligasse para resolverem as coisas. Ele sentia às vezes que se olhasse para o telemóvel iria fazer com que Inês lhe ligasse mais depressa. Mas ele sabia que estava a ser irracional... Mas não o conseguia evitar... Realmente o amor transforma as pessoas... Ele sempre tinha sido uma pessoa confiante, com uma grande autoestima, e que não se preocupava com a impressão que os outros tinham dele... Mas desta vez, estava completamente inseguro sobre si e por vezes passava-lhe pela cabeça que Inês nunca mais lhe iria perdoar.

E foi nesta ângustia permanente que Pedro passou a noite inteira até finalmente adormecer a altas horas da madrugada, sem ter tido qualquer notícia de Inês...

publicado por Matt Xell às 23:54
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.sinopse

Uma história sobre um rapaz (Pedro) e uma rapariga (Inês) que o destino acaba por juntar e que origina uma relação com altos e baixos...

Pedro é um rapaz que nunca foi capaz de se comprometer e que encontra em Inês a primeira rapariga por quem verdadeiramente sente algo... Mas ele desconhece por completo o passado de Inês e que irá trazer grandes repercurssões na sua relação.

Nem tudo corre como eles gostariam nesta história de amor, e por maior que seja o amor que os une, o destino parece querer que a sua história não tenha um final feliz...

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